quarta-feira, 26 de março de 2014

Sou eu contando a minha história





Já dormi,
Já amanheci.
Já bebi e já comi
Já entendi
E fiz que nunca aprendi
Chorei de dor e de medo
Mas quando era medo
Eu só fingia que chorava
Já me afoguei numa piscina
E vi minha visão turva ficar.
Era pacífico,
Mas o que eu queria mesmo era brigar.
Muitas vezes eu briguei
E mesmo ganhando eu perdia
No fundo o que eu queria
Era encontrar o meu caminho.
Talvez um bicho, talvez fera,
Mas a busca era
Entender o que eu era.
Sempre dividi o que era de comer.
Mas o que era meu, sempre foi meu.

Desde que nasci
Queria saber da minha profissão.
Músico, goleiro,
Palhaço ou trapezista
Não nego,
Chamar a atenção
Era o que eu mais gostava de fazer.
Já corri até chorar,
E já chorei por não poder correr mais
Já ajudei e fui ajudado
Já chorei sem ninguém ver.
Já acordei e fui acordado.
Já falei enquanto dormia,
E já chorei sem motivo algum.
Deu pra perceber que chorar era fácil e constante.
De todas as profissões
Talvez carpideiro seria a ideal.
Já fui abandonado e abandonei o meu passado
Achei que seguir o coração
Fosse o ato mais racional
Tive muita fé em Deus e no Amor.              
A vida me tirou muitos amigos
Dentre eles alguns tios e meu avô.
Já fui pedreiro, sorveteiro e
Vendedor de vela em porta de cemitério.
Joguei bola, bets, truco,
Fubéca e brinco todos os dias
Achando que sou locutor.
Já namorei, amei e já sorri
Sim eu sorri
E muito.
Quando andei sozinho
Pela segunda vez.
E quando consegui fazer
O primeiro acorde no meu violão
Já compus uma música,
Fiz serenata
E criei personagens na minha imaginação.
Já enxerguei o que não deveria
E já perdi a visão de um olho só.
Isso nunca fez falta
pra quem enxerga com o coração
E na boa
Pra quem só queria escrever a sua história.
Já enfiei um feijão no buraco do nariz
E até hoje ele nunca saiu de lá.
Tenho 11 parafusos espalhados pelo corpo
E pra ficar bom preciso de mais 11.
Já fui pescar, mas nunca fui pescado.
Já escrevi e apaguei
Já sujei e já lavei,
Comprei e paguei
Falei e escutei
Mais escutei do que falei
Não por timidez
Mas para ouvir o que precisava ser ouvido
E falar só o que fosse necessário.

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